Brasil
A nova terra ... chegada das famílias:

Dias de Oliveira e Carvalho (1888) - Roza e Maia (1890) - Embacher (1925)

Um pouco da História da Imigração

Qual é a base da mistura cultural do paulista? A resposta correta é: o Mundo! Afinal, no início da imigração, homens e mulheres de mais de 60 países se estabeleceram em São Paulo, em busca de oportunidades. Eles aqui foram acolhidos porque a província paulista necessitava de mão-de-obra para a lavoura cafeeira e, hoje, estima-se que São Paulo seja a terceira maior cidade italiana do mundo, a maior cidade japonesa fora do Japão, a terceira maior cidade libanesa fora do Líbano, a maior cidade portuguesa fora de Portugal e a maior cidade espanhola fora da Espanha. A mistura de raças, etnias e culturas se acentuou com o correr do tempo e marcou profundamente a vida cultural, social e econômica da cidade.

Final do século XIX e início do século XX

O final do século XIX e início do século XX marcaram um período de transformações mundiais. Guerras e revoluções resultavam em desemprego e fome na Europa. Populações inteiras rumavam para longe de suas terras, buscando refúgio às perseguições étnicas, políticas e religiosas. As informações da existência de uma terra nova e cheia de oportunidades chegavam em além-mar. Havia portanto mais que os portugueses, aqui presentes desde o Descobrimento, os negros africanos, obrigados a cruzar o Atlântico como escravos, e os índios, a atrair para a colonização do Brasil.

Os monarcas brasileiros

Numa prudente política migratória, os monarcas brasileiros trataram de atrair novos imigrantes, oferecendo lotes de terra para que se estabelecessem como pequenos proprietários agrícolas. Depois, com a Abolição da Escravatura em 1888, a opção foi a imigração em massa para substituir o trabalho escravo. Os imigrantes eram embarcados na terceira classe dos navios e vinham instalados nos porões dos vapores, onde a superlotação e as precárias condições favoreciam a proliferação de doenças, de modo não muito distinto dos antigos navios negreiros. A diferença era que, agora, já não se tratava de transportar escravos para o Brasil. Muitos imigrantes morreram pelo trajeto. Da Europa até o porto de Santos, a viagem demorava até 30 dias. O governo, apoiando a importação da mão-de-obra, recebia-os em alojamentos provisórios.

A partir 1887, passaram pelo complexo da Hospedaria do Imigrante www.memorialdoimigrante.sp.gov.br, em São Paulo, perto de 3 milhões de pessoas. A Hospedaria tinha alojamentos, refeitórios, berçário, enfermaria e hospital. O conjunto abrigava a Agência Oficial de Colonização e Trabalho, responsável pelo encaminhamento das famílias para as lavouras no interior. A partir de 1930 a Hospedaria passa a atender também ao movimento migratório interno. Trabalhadores vindos de outros Estados do Brasil são recebidos e atendidos.

Família Maia e Carvalho - Portugal

As famílias Maia e Carvalho chegaram ao Brasil nessa época.

Carvalho

Anna Dias de Oliveira chegou com os dois filhos menores Joaquim e Francisco (meu avô então com 06 anos) em 27/04/1888, pelo Vapor Baltimor, vindo de Santos. O marido Antonio de Carvalho já se encontrava no Brasil. Veja documento. Clique aqui

Maia

Maria Roza Maia chegou ao Brasil com 5 filhos menores, entre elas Palmira ( minha avó, então com 2 anos de idade ) em 12/11/1890, pelo Vapor Rio Negro, proveniente de Santos. O marido Antonio Maia já estava no Brasil. Veja documento. Clique aqui

Presença portuguesa: de colonizadores a imigrantes

Os registros da imigração portuguesa apareceram no século XVIII e se tornaram mais regulares a partir do século XIX. Devido aos inúmeros estudos sobre o tema, hoje já se pode contar com estimativas mais confiáveis sobre o número de imigrantes que vieram para o Brasil desde o século XVI.

Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte, esse número aumentou: foram registrados 600 mil e uma média anual de 10 mil imigrantes portugueses. O ápice do fluxo migratório ocorreu na primeira metade do século XX, entre 1901 e 1930: a média anual ultrapassou a barreira dos 25 mil.

A origem sócio econômica do português imigrante é muito diversificada: de uma próspera elite nos primeiros séculos de colonização, passou-se a um fluxo crescente de imigrantes pobres a partir da segunda metade do século XIX. Estes últimos foram alvo de um anedotário pouco condizente com a rica herança cultural que nos deixou o português.

Compare as estimativas do total de portugueses que entraram no Brasil desde o século XVI na tabela abaixo.

Período América
Portuguesa
Império
Colonial
Média anual
América Portuguesa
Média anual
Império Colonial
1500-1580 100.000 280.000 500 3.500
1581-1640 300.000 5.000
1641-1700   120.000   2.000
1701-1760 600.000   10.000  
1808-1817 24.000   2.666  
1827-1829 2.004   668  
1837-1841 629   125  
1856-1857 16.108   8.054  
1881-1900 316.204   15.810  
1901-1930 754.147   25.138  
1931-1950 148.699   7.434  
1951-1960 235.635   23.563  
1961-1967 54.767   7.823  
1981-1991 4.605   406  
Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000

* anotação da data que os Carvalho e Maia chegaram ao Brasil

Imigração de massa: 1851 - 1960


A partir de meados do século XIX o perfil do imigrante português sofreu uma radical transformação: entre os que chegavam predominavam os de origem pobre; as mulheres passaram a representar parcelas cada vez maiores dos grupos de emigrantes, e as crianças menores de 14 anos pobres, órfãs ou abandonadas, chegaram a representar 20% do total de emigrados.

Alguns acontecimentos contribuíram para a mudança:

• o aumento expressivo da população portuguesa: a taxa de crescimento que em 1835 foi 0,08% pulou para 0,75% em 1854 e para 0,94% em 1878.
• a mecanização de algumas atividades agrícolas produzindo um excedente de trabalhadores no campo.
• o empobrecimento dos pequenos proprietários rurais que se multiplicaram e engrossaram as fileiras dos candidatos à emigração. O aumento deles foi de tal ordem que permitiu um significativo fluxo de emigrantes não apenas para o Brasil, mas também rumo aos Estados Unidos e, posteriormente, em direção à África.

Portugueses pobres no Brasil

Esses pequenos proprietários rurais pobres, rudes, originários do norte de Portugal, da região do Minho, contribuíram para a formação da imagem negativa e preconceituosa do imigrante português, estigmatizando-os como pessoas intelectualmente pouco qualificadas.

Na segunda metade do século XIX já aparecem os primeiros livros de anedotas, fazendo críticas sutis à herança colonial. O anedotário deve ser entendido como o lado mais popular do debate entre políticos e intelectuais do país que se preocupavam, sobretudo, em definir e afirmar a identidade nacional. Nesse contexto, as anedotas expressavam a rejeição do povo brasileiro ao seu passado colonial.

Os imigrantes pobres são retratados por um escritor da década de 1820, Raimundo da Cunha Mattos. Diz ele que o português pobre, ao desembarcar nos portos brasileiros, vestia polaina de saragoça, (...) e calção, colete de baetão encarnado com seus corações e meia (...) geralmente desembarcavam dos navios com um pau às costas, duas réstia de cebolas, e outras tantas de alhos... e ... uma trouxinha de pano de linho debaixo do braço. Eram minhotos que, para sobreviver, dormiam na rua e procuravam ajuda de instituições de caridade.

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Fonte: http://www.ibge.gov.br/brasil500/portugueses.html
Fonte: http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/cultura/museus_imigr.htm

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