Autor: Irmã Anna Carolina dos Santos (FIC)

Casas FIC no Brasil

15 - Vamos conhecer Gaspar? - SC

Juvenato e Colégio Madre Francisca Lampel

Nada melhor para caracterizar a cidade de Gaspar do que lembrarmos alguns versos de seu Hino, composto por Neusa Cavallari:

"Entre montanhas tu estás cidade amiga,
Pequena e bela como um sonho eu te vi,
Teu céu azul iluminando o espaço,
Tingindo as águas transparentes do Itajaí.
Teus verdes campos enobrecem a paisagem,
Teu povo alegre te conduz numa canção,
És o berço do imigrante que transforma,
O teu regaço em uma longa oração.

(refrão)
Salve Gaspar, Terra de alegria,
Teus filhos jamais se esquecem de ti,
És a luz que ilumina noite e dia
O grande e belo Vale do Itajaí.
"

Gaspar, "Coração do Vale" do Itajaí-Açu, (nome indígena que significa pedra grande que corre: ita=pedra; jaí=que corre; açu= grande) é hoje uma pequena, mas rica e encantadora cidade.

Suas origens datam de 1861, quando foi criada a Freguesia de São Pedro Apóstolo de Gaspar. Até 1880, pertencia ao município de Blumenau. A partir de 1934, tornou-se município autônomo.

Seus primeiros habitantes foram os indíos botocudos, exterminados pelos bugreiros. No século XIX, recebeu imigrantes alemães, italianos, portugueses, entre outros, que tornaram possível o desenvolvimento do município que vive de agricultura, indústria, pecuária e extrativismo. A igreja de São Pedro, no alto da colina, tendo a seus pés, o rio Itajaí, o verde do vale, as construções tipicamente européias, dão à sua paisagem um tom original, austero e nobre.

Esta é nossa história

Estamos em Gaspar, em frente à Igreja São Pedro, no dia 15 de janeiro de 1992. Terminou uma missa de ação de graças pelos quarenta anos de apostolado das Irmãs Franciscanas, nessa cidade.

As duas primeiras Irmãs que aqui chegaram foram: Irmã Maristela Vanti e Irmã Boaventura. Uma semana depois, chegou Irmã Celeste, em substituição à Irmã Beatriz que, por motivo de doença, não pode vir.

Como aconteceu essa fundação?

- O pedido foi feito por Frei Flaviano Moormann à superiora provincial, Madre Teresa, em 1951. Essa solicitação veio de encontro ao desejo que a Província tinha de abrir uma filial no sul do país, especialmente em Santa Catarina, quer porque lembra muito a Áustria, país de origem da Congregação, quer visando novos membros, uma vez, que esse estado sempre foi considerado terreno fértil em vocações sacerdotais e religiosas. Por isso, Madre Teresa apressou-se em escrevere a Frei Flaviano, dando-lhe resposta afirmativa. Este, por sua vez, muito satisfeito, expõe, em carta, o plano de trabalho que deveria ser realizado pelas religiosas.

- O trabalho principal seria a pastoral paroquial, sobretudo a catequese.

- Deveriam também assumir aulas no Grupo Escolar Prof. Honório Miranda, iniciar um Jardim da Infância e Pré-Primário e dar aulas de corte e costura, música e outras artes. Para esse trabalho as Irmãs vieram com muito boa vontade e conseguiram cumprir esse plano quase que totalmente.

- O número de Irmãs cresceu aos poucos. Em abril de 1952 chegou Irmã Dorotéia, substituída, em julho, por Irmã Querubina; no final do ano, vieram as Irmãs Ancila Lolaud Cury, e Irmã Miriam Konig, ambas já no céu; no ano seguinte, as Irmãs Cacilda Morais e Irmã Celina Neves.

O fato de destaque, nesse primeiro ano, foi a celebração da profissão perpétua de Irmã Maristela, em 10 de fevereiro de 1952, na Igreja Matriz. Foi uma alegria para os gasparenses poderem participar dessa festa de entrega total de uma religiosa ao serviço de Deus e dos irmãos.

A Casa passou a chamar-se "Juvenato Coração de Jesus", porque uma de suas finalidades seria abrigar as vocações que surgissem, o que não tardou a acontecer.

As primeiras entraram em meados de 1952. Em 1953, já contávamos com 22 internas. Hoje, esse trabalho parece renascer. E graças a Deus, estamos novamente com um bom número de vocacionadas.

Para mantermos as jovens que estavam conosco, a princípio, contamos com a valiosa ajuda do povo de Gaspar. Aos poucos, fomos conseguindo nossa própria fonte de rendas, sem contudo deixarmos de receber a colaboração dos gasparenses.

As aulas no grupo escolar começaram logo após a chegada das Irmãs. Em fevereiro de 1952, as Irmãs Maristela Vanti e Irmã Boaventura já estavam lecionando. Em 1953 conseguimos a autorização para o funcionamento do Jardim da Infância. Colocado sob a proteção de São José, a nova escola recebeu o nome de Jardim da Infância São José, a nova escola recebeu o nome de Jardim da Infância São José,como é conhecida até hoje e onde funcionam turmas de Jardim 1, 2 e pré-escola. Em 1955, após campanhas "pró-construção", conseguimos demolir a parte velha da casa e construir um novo prédio. A inauguração se deu em 18 de setembro de 1955, com a presença do prefeito, pais de alunos e pessoas amigas. Frei Roque benzeu uma nova imagem de São José, que até hoje é venerada por todos que frequentam nossa casa.

As Irmãs deixaram o grupo escolar devido ao crescimento do número de professores na cidade, e pela percepção que tiveram ser melhor essas assumirem essa tarefa. Juntou-se a necessidade que a Provincia tinha de mais Irmãs em outros locais.

Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição que  serviram em Gaspar - SC
Foto de algumas Irmãs FIC que serviram em Gaspar (esquerda para a direita)
1ª fila - Madre Sieglende Höller
2ª fila: Irmã Cecília Morais, Irmã Rosalia, Irmã Ancila Lolaud Cury, Irmã Cacilda Morais.
3ª fila: Irmã Conceição, Irmã Eduarda, Irmã Monica, Irmã Verônica e Irmã Miriam König

Quanto as demais atividades propostas por Frei Flaviano, logo que foi possível, iniciamos Bispo de Joinville - Dom  Gregório  Warmelingaulas de piano, datilografia, corte e costura e bordado. Assumimos também a catequese e outros trabalhos paroquiais. Ainda hoje, damos nossa parcela de ajuda à Paroquia.

Em 1960, ganhamos um grande presente: o bispo de Joinville, Dom Gregório Warmeling, fez doação do terreno e da casa onde residimos, para a Congregação. Foi muito grande nossa alegria com esse ato generoso do bispo.

Temos hoje um bom número de religiosas catarinenses que trabalham pelas mais diversas casas da provincia. Muitas jovens, após viverem anos conosco, seguiram caminhos diversos, mas o tempo que ficaram conosco não foi inútil. Temos constantemente provas de que os ensinamentos que tiveram são sementes de uma nova evangelização no meio em que vivem.

Anúncio do Evangelho junto aos pobres

De 18 de agosto de 1986 a 31 de maio de 1988, as Irmãs Marurina e Edith fizeram uma experiência de inserção nos meios populares. Durante esse períuodo, residiram numa casa alugada, à rua Frefi Solano, 734. Com grande zeli fizeram seu apostolado no meio de gente simples e pobre, sempre seuiosa por ouvir a palavra de Deus e a pregação do Evangelho, em busca de um novo reino.

Acreditamos serem esses os principais fatos ocorridos durante esses longos anos. Muita coisa, porém, sempre ficará oculta; só de Deus será conhecida. E sabemos: essa é a mais preciosa. Ninguém de nós ignora que, se há flores e frutos, é porque, no seio da terra, as raízes buscaram a seiva da vida. E quanto lutaram, sofreram, se aprofundaram para que a árvore sempre estivesse viçosa.

Assim também é a história de cada um de nós, de cada Instituição, de cada acontecimento. "O essencial é sempre invísivel aos olhos."

Irmãs e Vocacionadas

No ano de 1993 havia seis Irmãs que formavam a Comunidade de Gaspar:

Irmã Cecilia Morais (Coordenadora),
Irmã Cecília Moser, Irmã Walfrida Spengler , Irma Teresa Leichtemberg.
Irmã Fátima Cunha e Irmã Leonete

Na casa, moravam na época também, oito jovens que se preparavam para ingressar para a vida religiosa e eram acompanhadas em sua formação por Irmã Fátima.

OBS: "Nos dias atuais, não podemos esquecer de mencioar o papel de Irmã Miriam Köller que em 1952 foi transferida para Gaspar onde passou a trabalhar no Juvenato Coração de Jesus, recém fundado pela Congregação a que pertencia. E foi aqui que Irmã Miriam desenvolveu o seu mais importante trabalho, ajudando o Colégio a vencer os obstáculos iniciais da sua caminhada. Com sol ou com chuva percorria os quatro cantos do município divulgando e pedindo auxílio para o Colégio em formação e para a obra social que atendia meninas Madre Marlene Silva - Franciscana da Imaculada Conceição - FICdesamparadas. Essa atividade maravilhosa tão bem apoiada pelos gasparenses que permitiu-lhe também descobrir e incentivar novas vocações religiosas.
Só em Gaspar, pelas mãos da Irmã Miriam mais de duas dezenas de jovens ingressaram na vida religiosa e hoje servem a causa de Deus em várias cidades do Brasil nas casas da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição.

Um exemplo magnífico desse trabalho, digno de ser mencionado, é o caso da Irmã Marlene Silva* que é filha de Gaspar e que ingressou na Ordem pelas mãos da Irmã Miriam e para nosso orgulho foi escolhida para o alto cargo de Madre Provincial." (Jornal Cruzeiro do Valle de Gaspar)
* (Irmã Marlene Silva exerceu o cargo de Provincial por 12 anos de 1997 a 2009)

E lembrarmos também o trabalho desenvolvido por Irmã Cecília Morais, que deixa seu marco histórico em Gaspar. Sentindo a necessidade de uma escola cristã para atender o desejo e o pedido das famílias gasparenses, inicia uma construção para implantar o Ensino Fundamental. Foi com muita luta e sofrimento que ela conseguiu, apesar dos poucos recursos que dispunha, construiu um belo Colégio e compos um corpo docente dos melhores, revelando assim, seu cuidado em oferecer as crianças e adolescentes uma formação de boa qualidade e acima de tudo, implantando a filosofia cristã de nossa Congregação.

Colégio Madre Francisca Lampel

"Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que a seu povo visitou e libertou."

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