Autor: Irmã Anna Carolina dos Santos (FIC)

Casas FIC no Brasil

13 - Hospitais

Pergunta sem resposta

Várias são as obras onde, após trabalharmos por determinado tempo, precisamos deixá-las.

-Por quê?

-Eis uma pergunta sem resposta ou, antes, com várias respostas. Cabe a cada uma de nós aceitar os acontecimentos como vindos das mãos de Deus que tem em vista algo que nem sempre compreendemos.

Como Maria, cumpre-nos tudo guardar em nossos corações e acreditar que nada foi em vâo.

A semente foi plantada.

- E a colheita?

- Não importa. Um outro o fará. O importante é que semeamos, plantamos. E os frutos virão a seu tempo.

É esse o motivo pelo qual, antes de encerrarmos mais este capítulo, nos recordaremos de obras onde, como enfermeiras, as Irmãs trabalharam, deixando seu testemunho de fé, de esperança e, como seguidoras de Francisco, a paz, a alegria, a bondade.

Gota de Leite - Araraquara - SP

As Irmãs Lídia Kazianer e Michaela Berger, ali iniciaram seus trabalhos em 1927, morando, porém, no Asilo. A abertura oficial da casa deu-se em 01 de julho de 1928. A princípio, funcionava apenas como creche; mais tarde, também como maternidade, atendendo às mães pobres. Por dez anos, as religiosas ali estiveram, dando seu apoio e carinho às mães e às crianças. Havia também distribuição de leite e mamadeira para externas.

Gota de Leite - Araraquara - 1927 - Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição.

Em 26 de junho de 1938 esse serviço deixou de ser prestado por nossas Irmãs, passando-o a outros que vieram substituí-las.

Santa Casa de Rio Preto - SP

Em 31 de dezembro de 1931, a Congregação começa seus trabalhos na Santa Casa de Rio Preto, cuja administração lhes fora confiada por Dom Lafayette Libânio. As Irmãs Adolfina Lubetz e Anatólia Konrad foram as primeiras enviadas para esse novo campo de ação.

Com zelo apostólico, heroínas ocultas, vão semeando, nas terras riopretenses, as sementes da caridade. Nada as abate, preocupadas que estão em mitigar o sofrimento alheio, em guardar e transmitir a vida. Dom Lafayete era como um bondoso pai para as religiosas, sempre pronto a ajudá-las.

Santa Casa de São José do Rio Preto - Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição

Aos poucos, porém, foram surgindo dificuldades que se tornaram insuperáveis. As Irmãs não podiam aprovar situações não condizentes com a moral cristã, e não conseguindo um acordo, ante a intransigência dos médicos, o único caminho que restou foi a entrega da obra à diretoria do Hospital, em 18 de dezembro de 1963, após 32 anos de um profícuo trabalho junto ao leito de tantos doentes que viam nas religiosas, almas devotadas, sempre prontas a curar-lhes as feridas como o bom samaritano do Evangelho.

Como foi nossa saída?

Quem no-lo conta são Madre Beatriz, então provincial e Irmã Celeste, superiora de São Jose do Rio Preto no ano de seu encerramento. Eis o que está registrado em nossos anais:

- Era o dia 08 de dezembro de 1963, festa da Imaculada Conceição, Madre Beatriz e eu (Irmã Celeste) tivemos uma séria e definitiva reunião com os doutores Araújo, Raul e Radnan. Foi o ultimatum. Diante da intransigênci dos médicos, nada mais nos restou, se não aceitarmos a saída dessa obra, tão querida para nós.

Madre Beatriz acrescenta:

- Procurei logo informar o Sr. Bispo, Dom Lafayette, sobre nossa próxima partida.

- Despedimo-nos também das Irmãs Andrelinas e Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, nossas grandes amigas, e de Dom José Gonçalves, Bispo Auxiliar.

- As Irmãs ainda permaneceram no Hospital por mais dez dias, trabalhando até o último instante.

- Fui a última a deixar Rio Preto, em 20 de dezembro, após entregar o serviço das hóstias às Irmãs MIssionárias.

E acrescenta:

- Somente quem conheceu de perto a grande missão que desempenhamos em Rio Preto, durante mais de trinta anos, poderá avaliar o nosso intenso sofrimento, ao ver o colapso dessa obra.

- Sentimos a falta que faríamos aos pobres e à Igreja local.

- Mas, Deus não se deixa vencer em generosidade. Aos poucos superamos esse impacto. Aos pobres, como filhos prediletos seus, Deus olharia, suscitando, certamente, do seio dessa grande cidade, almas generosas que os não deixariam perecer.

Beneficiência Portuguesa - Araraquara - SP

No dia 14 de setembro de 1930, Madre Batista recebeu uma visita do Dr. Campos de Almeida, que vinha acompanhado de Dª Júlia Villac, diretora do Colégio Progresso de Araraquara e do Sr. João Fernandes, um dos fundadores da Beneficiência Portuguesa.

Motivo da visita: pedido de religiosas para o Hospital.

Voltaram no dia seguinte, com a finalidade de levarem as Irmãs para uma visita à Beneficiência e não as deixaram enquanto não lhes foi prometido que pediriam autorização para esse novo trabalho junto ao governo geral.

A licença veio, mas Madre Adolfina Lubetz só aceitou a obra após dirimir uma série de dúvidas sobre as funções das religiosas, ali. Em agosto de 1932, Madre Adolfina, acompanhada por Madre Batista, assinou, com a Diretoria, um contrato, estabelecendo as regras para essa atividade e a permanência das Irmãs na Beneficência. Em 1º de setembro do mesmo ano, as Irmãs assumem a enfermagem do Hospital, após a celebração de uma missa em que estiveram presentes, além das religiosas, o Provedor e o corpo clínico dos médicos. Foram designadas para o trabalho, Irmã Lídia Kazianer , que seria a superiora e as Irmãs Suitberta Gruber e Marta que passaram a residir no próprio Hospital, em quartos próximos à Capela.

A Congregação, ali, permaneceu por trinta anos, durante os quais as Irmãs se dedicaram , com muito esmero, ao cuidado dos doentes, sempre procurando agir conforme os ensinamentos da fé e como lhes ditava o espírito do Senhor.

Todavia, vendo que as dificuldades que surgiam, cada vez mais se avolumavam, foi-lhes mister expor a situação às superioras que, apósesgotados todos os recursos e não se chegando a um consenso, decidiram por deixar também esse trabalho. Era o dia 30/05/1962.

Deus, porém, não desamparou os enfermos que muito sentiram a perda das Irmãs. Tempos mais tarde, outra congregação continuaria a obra por nós começada.

"Confiai sempre no Senhor, e Ele não vos abandonará."

Hospital Santa Cruz - São Paulo - SP

Em 1942, de 24 de setembro a 19 de dezembro, as Irmãs Francisca, Joana e Carmela trabalharam no Hospital Santa Cruz. A nossa tão curta permanência nesse Hospital (apenas três meses), explica-se como uma dádiva carinhosa dos céus, reservada pela Providência à nossa saudosa Irmã Margarida da Silva que teve a felicidade de falecer no seio da Comunidade.

O trabalho do Hospital, muito grande, com cinco andares, exigia maior número de religiosas (no mínimo seis) e a Província, não podendo atender a essa exigência, deixou-o para as Irmãs Franciscanas do Coração de Maria.

Ficou a semente das Franciscanas da Imaculada Conceição, com sua característica inconfundível de simplicidade, pobreza, humildade, gratuidade.

Hospital de Monte Azul Paulista - SP

" Não tenho mensagem: a mensagem é minha vida"

Em 29 de julho de 1961, mais um campo de apostolado se abriu para a Congregação: o Hospital São Vicente de Paula, em MOnte Azul Paulista.

A autorização para a ereção dessa casa foi dada por Dom Varani em 19 de julho de 1961.

A primeira superiora foi Irmã Hermínia Wadlegger e as Irmãs Lourenças e Rosária foram designadas para o trabalho.

O contrato foi feito por 05 anos. As Irmãs, porém, aí permaneceram mais de 30 anos, só deixando a obra em 20 de fevereiro de 1992.

Após tantos anos, tornou-se impossível a sua continuidade, tendo em vista problemas surgidos na administração interna do Hospital e o escasso número de Irmãs para ali exercerem sua missão. Nos últimos anos, Irmã Isaura, que lá trabalhava, foi acometida de grave doença, precisando internar-se várias vezes, deixando, Irmã Josefina só no serviço. Por isso as superioras acharam por bem encerrar a atividade, enviando as Irmãs para outros hospitais.

Entretanto a abnegação, os sacrifícios, os anos vividos no silêncio e no anonimato por nossas dedicadas enfermeiras, continuam escritos no "Livro da Vida". Deus será, um dia, a plenitude e a coroação de todo esse devotamento.

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