Prof. Rubens Queiroz
 

Aprendizagem Acelerada de Línguas Estrangeiras
por: Arlete Embacher

MiniWeb Educação - Prof. Rubens em seu artigo publicado na Revista Internet da Unicamp número 9 - "A Reconstrução da Torre de Babel" - de 1.999 , o Senhor diz : "...que é raro encontrar um curso de inglês onde se ensine o aluno apenas a ler. Só vendem o pacote completo, o que é totalmente insensato. Se precisamos investir vários anos para dominar o idioma em todos os seus aspectos, aprender a ler certamente demora muito menos Em apenas quatro meses é possível obter uma compreensão razoável do idioma que nos permite começar a compreender textos em inglês... Pergunta: Por que a leitura é mais fácil de ser dominada? Como surgiu a sua criação do método de Língua Instrumental que foi oferecido para 1.800 funcionários da UNICAMP em 1996 - 1997 e 2001.

Resposta - A leitura é mais simples devido a diversos fatores. O primeiro deles reside no fato de que os dois idiomas possuem muita coisa em comum. Em textos técnicos os chamados cognatos, ou seja, as palavras parecidas em ambos idiomas, chega a 20% do total do texto. O segundo fator importante é que um pequeno número de palavras, aquelas mais frequentes, correspondem a cerca de 60% de um texto. Estas palavras não são muitas, conhecendo apenas as 250 palavras mais comuns da língua inglesa podemos nos familiarizar com uma grande parte de qualquer texto. Os 20% restantes são deduzidos a partir dos 80% que já conhecemos.

 

 

Esta parte, embora simples, requer o desbloqueio do aprendizado e de muita coisa com as quais somos condicionados com o correr do tempo. Na verdade a maior parte do tempo do curso de leitura consiste em um grande esforço de remoção dos bloqueios e da falta de confiança em nossa capacidade.

MiniWeb Educação - No mesmo artigo citado acima e em suas aulas, o Sr. ressalta a importância nesse método da não memorização pelo aluno das palavras que estão sendo estudadas. Pergunta: Por que essa recomendação? Quais os objetivos a serem atingidos nesse aprendizado.

Resposta - A memorização não é recomendada visto que não somos computadores. A nossa forma de aprendizado reside no relacionamento de informações novas com aquelas que já temos. Eu gosto de dizer que não existem coisas difíceis, existem coisas ou assuntos com os quais não estamos familiarizados. Quanto mais soubermos sobre um assunto mais fácil será lermos textos sobre ele, não importa em que idioma.

Uma experiência interessante que fiz foi em uma atividade de interpretação em um texto sobre futebol em inglês. A maioria dos alunos achou o texto muito fácil. Já um texto sobre computação foi considerado dificilimo. Na verdade o grau de dificuldade não diz respeito ao vocabulário e sim ao nosso conhecimento prévio do assunto.

Neste aprendizado o objetivo principal é a recuperação da confiança, da alegria, do otimismo. Este é o ponto principal. Se gostarmos de nós mesmos, se formos positivos e alegres, tudo fica mais fácil, não apenas o aprendizado da língua inglesa. Este fato inclusive foi relatado por muitos de nossos alunos, que salientam mudanças positivas em diversos aspectos de suas vidas.

MiniWeb Educação - Professor Rubens, a MiniWeb Educação não resistiu a tentação de fazer-lhe mais duas perguntas fugindo um pouco do tema de nossa entrevista, pois temos acompanhado o seu trabalho e sua dedicação por tudo que esteja voltado ao campo da Educação e ao Conhecimento, sua dedicação exclusiva ao sistema Linux assim como a criação juntamente com Marcelo de Gomensoro Malheiros, do Instituto Vale do Futuro do Rau-tu - um novo sistema de perguntas e respostas virtuais, mais rápido, interativo e personalizado do que os chamados FAQs, e agora qualquer dúvida sobre a plataforma Linux ou sobre Educação a Distância já pode ser respondida por esse sistema que serve para a construção online de bancos de conhecimento.

Pergunta: O Rau-Tu só pode ser utilizado no Linux ou pode ser adaptado para o sistema Windows com a mesma finalidade? Vocês já possuem algum trabalho na Unicamp sobre isso? Como o senhor analisa a polêmica criada entre a Conectiva e o Ministério da Educação e da Anatel sobre o software livre e a Microsoft?

Resposta: O sistema Rau-Tu de perguntas e respostas pode ser instalado sem problemas em plataformas Windows. O sistema foi utilizado utilizando-se a linguagem de programação PHP e o banco de dados Postgresql. Estes dois produtos estão disponíveis também para a plataforma Windows.

Caso se opte pela instalação do sistema Rau-Tu em um ambiente Windows, infelizmente não poderemos ajudar em caso de problemas, pois não utilizamos este ambiente. Eu tenho a impressão entretanto que não ocorrerão maiores problemas neste ambiente.

Quanto a questão da Anatel, eu acho que antes de tudo falta ao governo informação sobre o que seja software livre. Não sou contra o uso de sistemas Windows, o que é particularmente revoltante é o lançamento de um edital privilegiando um sistema operacional que já domina o mercado. A Microsoft tem sido processada por diversos estados americanos e suas práticas comerciais beiram o gangsterismo. O edital errou em não incluir a alternativa de se adquirir equipamentos com Linux ou outros sistemas livres, o que iria reduzir consideravelmente o custo destes equipamentos liberando recursos para serem investidos em outras coisas, até mesmo mais equipamento para nossas escolas já tão carentes.

MiniWeb Educação - Sabemos que o senhor utiliza várias ferramentas da Internet como um instrumento de difusão e democratização da informação e Conhecimento através de suas listas de dicas, artigos, boletins, sites , e do sistema rau-tu, inteiramente gratuitos a todos os internautas. Pergunta: Gostaríamos que o senhor comentasse com os leitores da MiniWeb o trecho do artigo do jornalista Thomas Stewart, editor da revista Fortune e autor do best seller Capital Intelectual que diz:

..." que a Nova Vantagem Competitiva das Empresas define o capital intelectual como a soma de conhecimento, informação, experiência e propriedade intelectual de uma empresa ou nação. Para ele, a riqueza depende da sinergia desses fatores, é o produto do conhecimento. O capital intelectual é a principal fonte de riqueza tanto das organizações quanto dos indivíduos. Porque é ele que vai indicar as tendências, oportunidades (ou ameaças), capacidade de inovação e crescimento de uma empresa - ou carreira...."

Diante dessa nova realidade e do momento de transformação educacional que vive o país como deverão agir as Instituições de Ensino e os educadores diante dessa nova realidade? As Universidades brasileiras já estão preparadas para esse desafio? Qual exemplo concreto em nível de conhecimento e informação que já possuímos, já que o senhor participou como colaborador técnico no estudo e criação do Livro Verde do Ministério de Ciências e Tecnologia?

Resposta: Concordo inteiramente com o Sr. Thomas Stewart, embora não conheça em maior profundidade o seu trabalho. Inclusive em uma de minhas palestras eu digo que o papel fundamental de uma universidade é a criação e disseminação do conhecimento. Para isto o software livre é fundamental e facilita em muito a nossa tarefa.

A maior parte das universidade e escolas públicas tem problemas orçamentários sérios. Com software livre o poder retorna às nossas mãos. Mesmo com poucos recursos computacionais podemos criar conhecimento a partir da rede de relacionamentos e computadores que é a Internet.

A maioria dos problemas que vivenciamos em nosso dia a dia já foi enfrentada e vencida por alguém. A concepção do sistema Rau-Tu de perguntas e respostas levou em conta justamente este fator. Através da Internet temos acesso a um conjunto de pessoas fantásticas que desejam ajudar os demais, de várias formas, sendo a principal delas o compartilhamento do conhecimento.

Eu não acredito muito em ação governamental para resolver o que quer que seja. Acredito muito mais em fornecer os meios para aqueles que possuem formas criativas de se lidar com problemas. Infelizmente as ações governamentais gastam ou desperdiçam uma quantidade enorme de dinheiro com resultados ínfimos. Acredito muito mais na iniciativa de pessoas bem intencionadas e que queiram fazer a sua parte para melhorar o mundo. O que falta é justamente uma forma de reunir o trabalho destas pessoas para ampliar o alcance destas iniciativas. Mas tenho muita fé que chegaremos lá, sem dúvida alguma.

A iniciativa do MCT sem dúvida alguma é muito válida. O livro verde faz uma análise bastante precisa de nossa realidade. Agora falta partir para a ação.


Entrevista com Prof. Rubens Queiroz de Almeida e com o Prof. Walter Hermann. Ambos os entrevistados criaram o curso: "AUTO-APRENDIZADO DA LÍNGUA INGLESA - Inglês Instrumental e Desbloqueio de Aprendizagem" pelo IDPH Instituto de Desenvolvimento de Potencial Humano. Para saber mais sobre os nossos entrevistados, clique aqui.

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